terça-feira, 18 de junho de 2013

Teste Yamaha XT 1200Z SUPER TÉNÉRÉ, um mês ao guidão - Parte 7


A fase final de nosso UM MÊS AO GUIDÃO com a Yamaha XT 1200Z Super Ténéré ficou a cargo de Alberto Trivellato, nosso tradicional colaborador nestas avaliações e que, como já mencionamos anteriormente, é dono de uma BMW R 1200 GS Adventure, a rivalíssima desta maxitrail da Yamaha. Aliás, Alberto teve várias GS, mais exatamente quatro (três 1100 e uma 1150), de gerações anteriores à de sua moto atual, e portanto é não apenas conhecedor do modelo mas também testemunha da evolução da moto alemã, verdadeiro ícone do segmento.

O ideal teria sido que Alberto pudesse rodar ao menos uns 600 km no lombo da Yamaha, realizando seu percurso padrão de fins de semana de lazer, de São Paulo a Parati no estado do Rio de Janeiro, e respectiva volta. Tal roteiro mistura boas rodovias, serra e até trechos off-road. Infelizmente esta programação não foi possível, mas os quase 300 km rodados pelo colaborador com a Super Ténéré, dos quais dois terços por estradas, lhe deram a possibilidade de nos oferecer o seguinte relato:



“Antes de rodar com a Yamaha Super Ténéré gastei um bom tempo observando-a, já que não é uma moto muito comum de ser ver por aí. Ela é grande, tem um bom porte e é bonita. Mas o acabamento deixa a desejar, um pouco por conta do uso de diversas texturas e cores – prata, azul, amarelo, preto… há confusão. Ela transmite modernidade, mas acho que com um pouco de exagero, soluções não convencionais e esteticamente estranhas. Um exemplo disso é a proteção contra o calor do escape. O uso dos opcionais pioraram um pouco mais o efeito visual, o mais estranho de todos eles é o acionamento das manoplas aquecidas e o interruptor dos faróis auxiliares, parecem artigos de baixa qualidade, ‘ching ling’. O protetor do farol realmente não ajuda a eficiência do farol duplo. Não gostei também dos cabos do acelerador que invadem o campo visual quando se olha o painel de instrumentos. Já o para-brisa tem regulagem pouco prática.”.

Da observação estática Alberto passou à prática, e não foi exatamente boa sua primeira impressão: “Comecei rodando na cidade e confesso que achei o motor meio chôcho, parecendo mais um 900 do que um 1200cc !!! Passando o modo de gestão da potência de “Sport” para “Touring” a coisa então ficou pior, e apenas justifica-se usar esse modo, que deixa a resposta ao acelerador mais branda, se o piloto estiver passeando tranquilamente ou piso estiver muito escorregadio, porém para isso há o controle de tração. Rodando na cidade as bolsas laterais, apesar de grandes, são altas e é fácil se acostumar com seu volume, e no trânsito realmente não chegaram a me incomodar.  Por conta das muitas irregularidades do piso paulistano, ficou claro para mim que o conjunto de suspensão, macio e com grande curso, está bem ajustado. Apesar da frente mergulhar em freadas bruscas não há desequilíbrio nem incômodo. A suspensão traseira é gostosa e engole bem as irregularidades da pavimentação, e mesmo quando propositalmente acelerei forte em piso irregular a suspensão trabalhou bem e o controle de tração não teve muito ‘trabalho’. Os freios trazem boa impressão e eficiência compatível, só deixando a desejar – como veria depois – em velocidades muito altas. Me chamou a atenção a boa geometria da dianteira, que não deixa o guidão pesado mesmo em manobras lentas, além de oferecer boa estabilidade direcional. As mudanças de trajetórias são sempre realizadas de maneira progressiva e suave. É um ponto positivo este, pouco comum nas motos desta categoria que tenho testado ultimamente. E esse bom comportamento da dianteira ganha importância quando se verifica que o desgaste do pneu dianteiro, já acentuado, não favoreceria este bom comportamento. Outro ponto positivo da Super Ténéré é o funcionamento do conjunto cardã-diferencial-câmbio. Apesar do grande curso do pedal de marchas o sistema é silencioso, e quem está acostumado com as BMW, mais ruidosas neste item, ficará agradávelmente surprendido como eu fiquei! Os engates são precisos e sem jogo, e na aceleração e desaceleração não há nenhuma folga que gere ruídos ou trancos. Durante o uso na cidade aconteceram eventuais ‘estouros’ na caixa do filtro de ar. Gasolina ruim? Pode ter sido isso uma vez que não havia relato anterior sobre esse inconveniente.”



Da cidade Alberto foi para a boa rodovia dos Bandeirantes, mais exatamente à Indaiatuba, um ‘bate e volta’ noturno de cerca 180 km: “A subida de rotações do motor decepciona pois na metade do contagiro, lá pelos 4 mil rpm a impressão é que a rotação vai subir liso e rápido. Engano, pois após a ‘animadinha’ a progressão cessa e é na estrada que se nota melhor esta característica. No abre e fecha do acelerador em velocidade elevada, o ruído do motor muda mas não há uma grande ‘pegada’. O torque característico do motor da big trail está muito espalhado, sem nenhum pico de potência. Eu preferiria que houvesse um pouco mais de emoção, ao menos na alta rotação. Em velocidades próximas da máxima o ronco característico vindo da caixa do filtro de ar fica bastante audível na zona sem turbulência logo atrás do para-brisa.”



Apesar de frustrado com o caráter “morno” do bicilindro da Super Ténéré, o colaborador se surpreendeu positivamente com a Yamaha nesta viagem: “Chama a atenção a boa ergonomia e a estabilidade. A moto se mantém firme nas mudança de pisos,  quando se passam as marchas de modo rápido e mantém trajetórias com rigor. Creio que as suspensões desta Yamaha trabalhem igual ou melhor do que a moto que é minha referência, a BMW R 1200 GS Adventure ano 2008 que tenho na garagem. E como todos comentaram, o farol principal, duplo, tem iluminação prejudicada pela proteção de acrílico opcional. Salvam os faróis auxiliares que tem luz forte e com foco bem definido. Rodando perto da faixa vermelha do contagiro a vibração do motor não chega a incomodar, mas notei que basta encostar os pés nas laterais do chassi para perceber que são as pedaleiras o ótimo ‘filtro’ das vibrações, que também não alcançam o guidão. Já na transmissão surge uma leve vibração no retrocesso do motor, bem sutil. De fato, neste uso rodoviário, farol fraco e motor idem à parte, a única coisa incômoda foi a manopla esquerda virando, uma bobagem mas chatinha. Mas reafirmo o grande ponto positivo desta moto, que é a estabilidade que a faz praticamente andar sozinha. Fiquei procurando uma condição na qual ela apresentaria alguma reação ruim, tipo na turbulência ao ultrapassar um caminhão com velocidade alta e… nada, ela pouco balançou. Quanto ao aspecto aerodinâmico, para mim faltou maior área de proteção nas manoplas e a bolha, apesar de grande exige um posicionamento preciso. Qualquer deslocamento lateral da cabeça joga turbulência no capacete. Só me acertei ficando levemente encolhido atrás da bolha.”



Na chegada a SP, um susto: o combustível pareceu que iria acabar: “Haviam me avisado que o mostrador do nível da gasolina cai de uma vez quando passa da metade. De cerca de um quarto até chegar na reserva foi muito rápido, pensei que ia ficar a pé na estrada! O tanque de 23 litros para uma moto que bebe como ela – comigo fez sempre menos de 10 km/l – é um ponto onde efetivamente a Yamaha perde da BMW. Outro ponto muito negativo foi a falta de praticidade para utilizar os recursos do computador de bordo, que exige deslocar a mão do guidão e achar o botão certo pois há dois, próximos e idênticos. Um para o computador, outro para o hodômetro total e parciais. O painel é bem legível mas as informacões importantes deveriam ter maior destaque e senti falta de um indicador de marchas. Um aspecto excelente é o banco, muito agradável. Enfim, ao compará-la com a BMW depois deste rápido mas intenso convívio, considero que a XT 1200Z tem um excelente conjunto, mas pelos acabamento inferior e características específicas, como a menor potência, deveria custar menos.”



O relato de Alberto encerra a bateria de condutores que se revezaram ao guidão da Super Ténéré. E como sempre, foi com este nosso exigente colaborador de mão pesada que a Super Ténéré registrou o recorde negativo de consumo: escandalosos 8,45 km/l para um trecho de cerca 100 km de estradas, de Indaiatuba a SP. Convenhamos, o colaborador extraiu o sumo da Super Ténéré… Na sexta, o resumão destes 31 dias de avaliação. Não perca!



Continua - (ultima parte será postado na sexta feira)
Fonte: Revista M.

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