terça-feira, 11 de junho de 2013

Teste Yamaha XT 1200Z SUPER TÉNÉRÉ, um mês ao guidão - Parte 2



Uma viagem de mais de 500 quilômetros nas mãos de Laner Azevedo, o piloto de testes da Revista da Moto! marcou a semana da Super Ténéré. Para Laner, esta oportunidade de rodar com a maxitrail foi um literal reencontro pois o piloto reconheceu se tratar da mesma Super Ténéré utilizada por ele em um teste publicado na edição 211 de MOTO! (julho 2012). E tal atenção gerou uma curiosidade: teria sido ela a mesma Super Ténéré usada em viagem-teste anterior, com a Kawasaki Versys 1000 e a Honda XL 700V Transalp, publicada na edição 198 de MOTO (junho/2011)? Resposta: sim.



Agora, com mais de 20 mil quilômetros no lombo, esta unidade da maxitrail da Yamaha está diferente, pois foi equipada com os acessórios que comentamos na abertura deste UM MÊS AO GUIDÃO, ou seja, quase todos que a marca oferece para o modelo (ver a Parte 1 do teste). Sinceramente, não é comum uma moto de frota de uma fábrica alcançar essa quilometragem, pois normalmente ao chegar aos dez mil, pouco mais, pouco menos, os modelos são substituídos por unidades mais novas mas… pelo visto a Yamaha confia ‘no seu taco’, e assim esta XT 1200Z vem, desde que nasceu, passando pelas mãos de toda a imprensa especializada nacional, ou seja, um uso intensivo, que permite pensar que estes 20 mil equivalem a talvez uns 60 mil km nas mãos de um único dono. Seja como for, vejamos o que Laner tem a dizer dessa velha – dele e de todos – conhecida…




A Super Ténéré, imponente, diante da matriz de São Pedro, no interior de SP

“Apesar de estar há algum tempo sem rodar com uma Super Ténéré, considero essa moto uma das que eu conheço profundamente. Mas nem por isso neste ‘reencontro’ deixei de me assustar pelo tamanho. Porém, mesmo grandona, é uma motocicleta prazerosa de se pilotar, sobretudo fora do ambiente urbano. Ela é fácil de se conduzir e é preciso pouco tempo para se acostumar com ela. Apenas nas manobras em baixa velocidade, em virtude do seu peso e da concentração de massa na parte alta por conta do enorme tanque, ela pede um pouco mais de atenção e ‘respeito’. O banco com a regulagem mais baixa ajuda muito a evitar problemas em manobrinhas em baixa velocidade, críticas especialmente para quem não é alto! Um ponto alto do modelo é certamente o conforto. Os banco é bom, amplo e as pedaleiras permitem que as pernas fiquem esticadas e, por consequência, mais relaxadas. E com o banco no posicionamento mais alto isso fica ainda melhor.O guidão poderia ser um pouco mais próximo ao piloto, mas mesmo assim, tem uma boa altura, permitindo que os braços também fiquem relaxados e colaborando inclusive, na pilotagem em pé quando se roda na terra.”




As malas, opcional de fábrica altamente recomendável

Como mencionamos, a unidade testada é um “catálogo” dos acessórios opcionais originais da Yamaha, e Laner comenta: “A viagem noturna que fiz foi menos cansativa para olhos graças aos faróis auxiliares, muito bons e bem posicionados. As malas laterais são ótimas, tanto pelo tamanho, quanto pelo sistema de engate e até mesmo pela forma em que estão posicionadas na moto, sem deixá-la muito mais larga que o guidão o que ajuda na hora de circular entre os caros. As bolsas internas de cordura tornam a vida bem mais fáci. A bolha e os defletores  funcionam muito bem. Com o parabrisa original, menor e mais estreito, me lembro que a proteção era eficaz, mas assim, com a bolha maior, está muito melhor. Quanto aos itens de série, tudo funciona a contento. A crítica fica por conta da falta de um indicador de autonomia no painel, algo que ajuda bastante quando a moto entra na reserva. Um aspecto prático muito relevante nesse tipo de moto é a capacidade de carga. E na ’Super’ não só as malas são legais como o bagageiro na rabeta é bastante funcional. Ele é amplo, tem bons pontos para amarração. As alças do garupa, nele integrado, também ajudam a fixar eventuais bagagens. E é importante lembrar que este modelo tem um plano de carga sob o banco do garupa, que se retirado, torna o espaço muito mais aproveitável.”




Faróis auxiliares, ótimos. O protetor de fáróis é outro opcional.

Ao comentar sobre o motor, as palavras elogiosas de Laner para esta Yamaha mudam um pouco de tom: “O fato de ter pilotado recentemente a nova BMW R 1200 GS serviu para que eu pudesse comparar os modelos e perceber que essa grande Yamaha talvez precisasse ganhar uns cavalinhos se quiser fazer frente a concorrente alemã recentemente renovada, cujas respostas são mais fortes em todas as situações. Apesar da capacidade cúbica generosa e de se tratar de um motor de dois cilindros que teoricamente é uma concepção que privilegia o torque em baixa, o bicilíndrico da Super Ténéré me pareceu um tanto preguiçoso para subir de giros. O tão falado virabrequim ‘cross-plane’, que visa tornar a entrega de potência mais linear, parece ter penalizado a força da moto nestes regimes baixos. O motor parece funcionar mais ‘quadrado’. Essa característica fica ainda mais evidente quando se está utilizando o controle de tração no modo mais invasivo. Mesmo em piso de boa aderência e em acelerações não tão abruptas, ele atua cedo demais, tornando as respostas apenas razoáveis. Por outro lado, na terra o funcionamento se mostrou bastante adequado, restringindo de maneira suave, sem grandes cortes na ignição que fazem a moto parecer “falhar” quando o sistema entra em ação. Por conta disso, utilizei em boa parte da avaliação o controle de tração apenas na terra. Quando voltava ao asfalto, o desligava. O chato é que o botão que faz esta operação é minúsculo e mal posicionado, na lateral esquerda do painel. O motor também tem  ruídos mecânicos elevados, incômodos. Já quanto ao calor nas pernas, só quando a ventoinha liga é que ele aparece, do lado esquerdo, onde está o radiador.”




A transmissão final por cardã: ponto alto

Uma importante característica desta Yamaha é ter, como a grande concorrente da BMW, a transmissão final por eixo cardã. E Laner comenta:  ”O funcionamento do câmbio é suave e as marchas bem escalonadas, aproveitando o razoável torque do motor. Para se ter uma ideia, em última marcha dá para manter a velocidade de 120 km/h a apenas 3.700 rpm, metade da faixa de rotação útil. Já o funcionamento da transmissão secundária é exemplar, sendo não só mais suave como também bem mais silencioso que o da adversária BMW R 1200 GS. Ponto para a Yamaha! As suspensões tanto no asfalto quanto na terra se mostraram muito boas, bem calibradas e progressivas, funcionando de forma suave. Mesmo carregada, ela suportou buracos e pequenos saltos na pilotagem off-road. Todavia,  como era de se esperar, a Super Teenéré é uma moto cujas reações são um tanto quanto lentas, exigindo uma pilotagem mais atenta, que as vezes exige o contra-esterço e a ajuda das pernas junto ao tanque para conseguir fazê-la mudar de direção de forma rápida. Seu desempenho em curvas é bom para uma moto de seu porte, mas se comparada à BMW R 1200 GS ela fica devendo. Em algumas situações é preciso realmente forçá-la para inclinar, já que sua tendência em entradas de curva é permanecer em pé. Já a estabilidade no centro da curva é firme e sem oscilações. Um ponto positivo vem dos freios, muito bons. Não só poderosos, capazes parar uma moto que é imensa e pesada em espaços realmente curtos, eles se mostraram bastante progressivos e sem dar sinais de fadiga precoce. Por serem bem dimensionados, a suposta tendência ao travamento dificilmente acontece, o que faz esquecer que existe ABS, já que ele parece atuar bem menos que em outras motocicletas. O sistema de ABS me surpreendeu no asfalto e também na terra. Ao contrário do que se poderia imaginar, nas incursões fora de estrada o sistema atua muito bem, Um ponto ruim, porém, é não poder ser desligado.”

O que conclui Laner destes dias de Super Ténéré? Vejamos: Acho esta Yamaha uma moto muito boa. Permite pilotar por horas a fio sem causar grande cansaço. O fato de acelerar e frear bem, permite ultrapassagens mais seguras e também lhe dá um comportamento divertido na estrada. Em um eventual uso na terra achei esta Yamaha superior a concorrência alemã. Pilotar em pé na pedaleira é fácil, pois o guidão é alto e a largura da moto, não é exagerada. O maior agente limitador são os pneus, claramente orientados para uma utilização on-road. Porfim, na cidade ela exige uma boa dose de cuidado e habilidade, principalmente para circular, com o tanque cheio, entre os carros. Como disse no início, conheço a Super Ténéré profundamente, e gosto bastante dela.”

Continua - Parte 3 (será postado amanha)
Fonte: Revista M.

0 comentários:

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | GreenGeeks Review