Uma viagem de mais de 500 quilômetros nas mãos de Laner
Azevedo, o piloto de testes da Revista da Moto! marcou a semana da Super
Ténéré. Para Laner, esta oportunidade de rodar com a maxitrail foi um literal
reencontro pois o piloto reconheceu se tratar da mesma Super Ténéré utilizada
por ele em um teste publicado na edição 211 de MOTO! (julho 2012). E tal
atenção gerou uma curiosidade: teria sido ela a mesma Super Ténéré usada em
viagem-teste anterior, com a Kawasaki Versys 1000 e a Honda XL 700V Transalp,
publicada na edição 198 de MOTO (junho/2011)? Resposta: sim.
Agora, com mais de 20 mil quilômetros no lombo, esta unidade
da maxitrail da Yamaha está diferente, pois foi equipada com os acessórios que
comentamos na abertura deste UM MÊS AO GUIDÃO, ou seja, quase todos que a marca
oferece para o modelo (ver a Parte 1 do teste). Sinceramente, não é comum uma
moto de frota de uma fábrica alcançar essa quilometragem, pois normalmente ao
chegar aos dez mil, pouco mais, pouco menos, os modelos são substituídos por
unidades mais novas mas… pelo visto a Yamaha confia ‘no seu taco’, e assim esta
XT 1200Z vem, desde que nasceu, passando pelas mãos de toda a imprensa
especializada nacional, ou seja, um uso intensivo, que permite pensar que estes
20 mil equivalem a talvez uns 60 mil km nas mãos de um único dono. Seja como
for, vejamos o que Laner tem a dizer dessa velha – dele e de todos – conhecida…
A Super Ténéré, imponente, diante da matriz de São Pedro, no
interior de SP
“Apesar de estar há algum tempo sem rodar com uma Super
Ténéré, considero essa moto uma das que eu conheço profundamente. Mas nem por
isso neste ‘reencontro’ deixei de me assustar pelo tamanho. Porém, mesmo
grandona, é uma motocicleta prazerosa de se pilotar, sobretudo fora do ambiente
urbano. Ela é fácil de se conduzir e é preciso pouco tempo para se acostumar
com ela. Apenas nas manobras em baixa velocidade, em virtude do seu peso e da
concentração de massa na parte alta por conta do enorme tanque, ela pede um
pouco mais de atenção e ‘respeito’. O banco com a regulagem mais baixa ajuda
muito a evitar problemas em manobrinhas em baixa velocidade, críticas especialmente
para quem não é alto! Um ponto alto do modelo é certamente o conforto. Os banco
é bom, amplo e as pedaleiras permitem que as pernas fiquem esticadas e, por
consequência, mais relaxadas. E com o banco no posicionamento mais alto isso
fica ainda melhor.
O guidão poderia
ser um pouco mais próximo ao piloto, mas mesmo assim,
tem uma boa altura, permitindo que os braços também fiquem relaxados e
colaborando inclusive, na pilotagem em pé quando se roda na terra.”
As malas, opcional de fábrica altamente recomendável
Como mencionamos, a unidade testada é um “catálogo” dos
acessórios opcionais originais da Yamaha, e Laner comenta: “A viagem noturna
que fiz foi menos cansativa para olhos graças aos faróis auxiliares, muito bons
e bem posicionados. As malas laterais são ótimas, tanto pelo tamanho, quanto
pelo sistema de engate e até mesmo pela forma em que estão posicionadas na
moto, sem deixá-la muito mais larga que o guidão o que ajuda na hora de
circular entre os caros. As bolsas internas de cordura tornam a vida bem mais
fáci.
A bolha e os defletores
funcionam muito bem. Com o parabrisa original, menor e mais estreito, me
lembro que a proteção era eficaz, mas assim, com a bolha maior, está muito
melhor.
Quanto aos itens de série,
tudo funciona a contento. A crítica fica
por conta da falta de um indicador de autonomia no painel, algo que ajuda
bastante quando a moto entra na reserva. Um aspecto prático muito relevante
nesse tipo de moto é a capacidade de carga. E na ’Super’ não só as malas são
legais como o bagageiro na rabeta é bastante funcional. Ele é amplo, tem bons
pontos para amarração. As alças do garupa, nele integrado, também ajudam a
fixar eventuais bagagens. E é importante lembrar que este modelo tem um plano
de carga sob o banco do garupa, que se retirado, torna o espaço muito mais
aproveitável.”
Faróis auxiliares, ótimos. O protetor de fáróis é outro
opcional.
Ao comentar sobre o motor, as palavras elogiosas de Laner
para esta Yamaha mudam um pouco de tom: “O fato de ter pilotado recentemente a
nova BMW R 1200 GS serviu para que eu pudesse comparar os modelos e perceber
que essa grande Yamaha talvez precisasse ganhar uns cavalinhos se quiser fazer
frente a concorrente alemã recentemente renovada, cujas respostas são mais
fortes em todas as situações.
Apesar da capacidade cúbica generosa e de se tratar de um motor de dois cilindros que
teoricamente é uma concepção que privilegia o torque em baixa, o bicilíndrico
da Super Ténéré me pareceu um tanto preguiçoso para subir de giros. O tão
falado virabrequim ‘cross-plane’, que visa tornar a entrega de potência mais
linear, parece ter penalizado a força da moto nestes regimes baixos. O motor
parece funcionar mais ‘quadrado’.
Essa característica
fica ainda mais evidente quando se está utilizando
o controle de tração no modo mais invasivo. Mesmo
em piso de boa aderência e em acelerações não tão
abruptas, ele atua cedo demais, tornando as respostas apenas razoáveis.
Por
outro lado, na terra o funcionamento se mostrou bastante adequado, restringindo
de maneira suave, sem grandes cortes na ignição
que fazem a moto parecer “falhar” quando o sistema entra em
ação.
Por conta disso, utilizei em boa parte da avaliação o controle de tração apenas
na terra. Quando voltava ao asfalto, o desligava. O chato é que o botão que faz
esta operação é
minúsculo e mal posicionado, na lateral
esquerda do painel. O motor também tem
ruídos mecânicos elevados, incômodos. Já quanto ao calor nas pernas, só
quando a ventoinha liga é que ele aparece, do lado esquerdo, onde está o
radiador.”
A transmissão final por cardã: ponto alto
Uma importante característica desta Yamaha é ter, como a
grande concorrente da BMW, a transmissão final por eixo cardã. E Laner
comenta: ”O funcionamento do câmbio é
suave e as marchas bem escalonadas, aproveitando o razoável torque do motor.
Para se ter uma ideia, em última marcha dá para manter a velocidade de 120 km/h
a apenas 3.700 rpm, metade da faixa de rotação útil.
Já o funcionamento da transmissão
secundária é
exemplar, sendo não só
mais suave como também bem mais silencioso que o da
adversária BMW R 1200 GS. Ponto para a Yamaha!
As suspensões tanto no asfalto quanto na terra se mostraram muito boas, bem
calibradas e progressivas, funcionando de forma suave. Mesmo carregada, ela
suportou buracos e pequenos saltos na pilotagem off-road. Todavia, como era de se esperar, a Super Teenéré é uma
moto cujas reações são um tanto quanto lentas, exigindo uma pilotagem mais
atenta, que as vezes exige o contra-esterço e a ajuda das pernas junto ao
tanque para conseguir fazê-la mudar de direção de forma rápida.
Seu desempenho em curvas é bom para uma moto de seu porte, mas se comparada à
BMW R 1200 GS ela fica devendo.
Em algumas situações é preciso realmente forçá-la para inclinar, já que sua
tendência em entradas de curva é permanecer em pé. Já a estabilidade no centro da curva é firme e sem oscilações.
Um ponto positivo vem dos freios, muito bons. Não só poderosos, capazes parar
uma moto que é imensa e pesada em espaços realmente curtos, eles se mostraram
bastante progressivos e sem dar sinais de fadiga precoce. Por serem bem
dimensionados, a suposta tendência ao travamento dificilmente acontece, o que
faz esquecer que existe ABS, já que ele parece atuar bem menos que em outras
motocicletas.
O sistema de ABS me surpreendeu no asfalto e também na terra. Ao contrário do que
se poderia imaginar, nas incursões fora de estrada o sistema atua muito bem, Um
ponto ruim, porém, é não poder ser desligado.”
O que conclui Laner destes dias de Super Ténéré? Vejamos:
Acho esta Yamaha uma moto muito boa. Permite pilotar por horas a fio sem causar
grande cansaço. O fato de acelerar e frear bem, permite ultrapassagens mais
seguras e também lhe dá um comportamento divertido na estrada. Em um eventual
uso na terra achei esta Yamaha superior a concorrência alemã. Pilotar em pé na
pedaleira é fácil, pois o guidão é alto e a largura da moto, não é exagerada. O
maior agente limitador são os pneus, claramente orientados para uma utilização
on-road. Porfim, na cidade ela exige uma boa dose de cuidado e habilidade,
principalmente para circular, com o tanque cheio, entre os carros. Como disse
no início, conheço a Super Ténéré profundamente, e gosto bastante dela.”
Continua - Parte 3 (será postado amanha)
Fonte: Revista M.
0 comentários:
Postar um comentário