Fama não falta, nem carisma. A nossa “convidada” para este
mês de convívio revelador é uma aventureira de grande envergadura, que povoa os
sonhos de quem deseja passar da teoria à prática quando o tema é dar a volta ao
mundo sobre o lombo de uma moto. Sim, a Yamaha XT 1200Z Super Ténéré já é um
mito sobre rodas mesmo tendo estreado no mercado mundial há apenas três anos
(dois no Brasil). Qual a razão? Múltipla: é uma moto que carrega em suas
entranhas um legado de aventura que poucas outras motos de sua categoria podem
exibir. Herdeira da mãe de todas as trail modernas, a Yamaha XT 500 do final dos
anos 70, a moto que temos agora nas mãos neste UM MÊS AO GUIDÃO é uma espécie
de “nave-mãe”, que incorpora uma tecnologia invejável, quase que um catálogo do
que a Yamaha dispõe atualmente. Há nela controle de tração em dois níveis assim
como dois são os modos de gestão de potência do moderno bicilindro paralelo,
que se não impressiona pela potência pura – 110 cv – o faz através de um
majestoso torque de quase 12 quilos. Inova em termos de Yamaha a opção pela
transmissão final por cardã, que alinha esta Super Ténéré à sua maior
concorrente, a BMW R 1200 GS.
Par de discos dianteiros, sem opção para desligar o sistema
ABS
|
Quanto à ciclística também não houve economia, com o robusto
chassi tubular de aço acoplado a suspensões reguláveis de alto nível. Frenagem
combinada com ABS e requintadas rodas raiadas adequadas à pneus radiais sem
câmara completam a cena, que tem como moldura um belo aparato em termos de
acessórios opcionais ou não: bolha para-brisa regulável é de série assim como os
protetores de mãos e o banco do piloto ajustável em dois níveis de altura. Já o
aquecedor de manoplas, as malas laterais de alumínio, os faróis auxiliares e as
barras de proteção laterais são pagos à parte.
Considerando
a envergadura dessa motocicleta, a estréia dela em nossas mãos não poderia ser
morna. Sendo assim, um colaborador devorador de quilômetros foi chamado para
cumprir o primeiro grande trecho com a Super Ténére, fazendo nada menos do que
1.509 quilômetros em um mero final de semana, rodando da capital de São Paulo
até Santa Catarina, mais exatamente à cidade de Penha. Ciro Fonseca, que nos
mais recentes UM MÊS AO GUIDÃO (BMW F 800 GS e Honda XL 700V Transalp) nos deu
sua importante opinião, saiu de SP no sábado de manhã determinado a assitir a
etapa brasileira do Mundial de Motocross no parque BETO CARRERO WORLD.
Nesse
longo percurso percorrido sem garupa mas em companhia de outro parceiro ao
guidão de uma Transalp, nosso colaborador teve chance de matar sua curiosidade
sobre a Superténéré. Vejamos o que ele disse: “Sem medo de errar afirmo que
esta moto é simplesmente fantástica. Apesar do tamanho imenso, é só engatar a
1º marcha e andar poucos metros para que ela nos faça esquecer dimensões e o
peso avantajado, mais de 260 kg em ordem de marcha. A impressão depois de
alguns minutos é de que estamos ao guidão de uma moto bem menor do que ela é.
Favorece isso a altura do banco, que ajustei na posição mais baixa. O sistema
que altera a altura do assento é simples, pois basta tirar o banco e remover
uma espécie de moldura plástica que o deixa mais elevado, passando de 845 mm
para 870 mm. Para mim, que tenho 1,70m, a Super Ténéré sem o espaçador ficou
perfeita.”
Banco
duplo, ajustável em altura. |
Ao
montar na Yamaha Ciro confessa mal ter tido tempo de observar detalhes, coisa
que foi fazendo nas paradas do trajeto até Santa Catarina. No entanto
imediatamente percebeu o elemento mais impactante deste modelo, o torque: ”O
motor é uma caso a parte. Tem torque consistente e isso favorece manter
velocidades elevadas sem nenhum esforço, e com pouquíssima vibração. Mesmo em
6ª marcha, na subida, ao acelerar ela imediatamente responde, poderosa,
ignorante, não levando em consideração o significativo peso do conjunto. No meu
caso, apesar de viajar só, carreguei as belas malas laterais até o limite. Um
item que me chamou a atenção foi o câmbio que é muito suave e tem engates bem
precisos, quase dispensando utilizar a embreagem a toda hora. Outro ponto alto
são os freios, potentes e progressivos na medida certa, como aliás não poderia
deixar de ser numa moto de peso tão elevado. Tanto acionar o freio dianteiro
como o pedal implica em desaceleração segura e parar essa grande moto com muita
facilidade. Só tenho uma pequena crítica à estética do conjunto de freio
traseiro (disco e suporte da pinça), que poderia ter uma aparência melhor.”
Disco traseiro e o suporte da pinça.
|
Com
tantos quilômetros percorridos, curvas não faltaram para experimentar a grande
Yamaha, e Ciro gostou do que sentiu: ” A Super Ténéré é excepcional em curvas,
de alta ou baixa. Notei algumas balançadas na dianteira quando exagerei um
pouco, mas creio que bastaria atuar na regulagem da dianteira para melhorar
este item. E além disso o pneu dianteiro não está no auge de sua vida, pelo
contrário. Porém, na pressa de chegar acabei não mexendo em nenhuma regulagem.
Um ponto positivo vem do fato de que o amortecedor traseiro tem um pomo de
regulagem da mola muito acessível, coisa importante em uma moto com capacidade
de carga tão elevada, e que pode variar muito pois basta tirar as malas
laterais e deixá-las na garagem para o equilíbrio mudar.
O painel, simples, mas completo. |
A moto que a Yamaha nos cedeu parece um catálogo dos
opcionais possíveis de se comprar para este modelo. Tem bolha para-brisa mais
alta, defletores laterais, protetor de farol, piscas de led, aquecedor de
manoplas e faróis auxiliares, que por sinal ajudaram bastante, na volta domigo
a noite, e com garoa ainda por cima. Ja os faróis normais são apenas isso mesmo,
normais, principalmente o alto, e não condizem com uma motocicleta dessa
categoria e que tem como endereço fixo as grandes viagens. Deveriam ser
melhores. O painel é bem completo e legível, e as luzes espia das setas bem
visíveis, coisa que não acontece na maioria das motos. Um ponto alto vem também
dos sistema adotado nas malas laterais de alumínio, e que vem com bolsas de
cordura dentro, personalizadas com o logotipo Super Ténéré. A praticidade é
enorme pois basta abrir a mala de alumínio e sair levando tudo nessas bolsas,
sem que seja necessário carregar a mala rígida. Na minha opinião essa moto tem
um excelente acabamento, e gostei muito da pintura do motor, naquela cor muito
exclusiva.”
A oportunidade de viajar em companhia deu a Ciro a chance de
um breve comparativo: “Em um trecho da viagem pulei na Transalp para ter a
ideia exata das diferenças que existem entre uma e outra. E realmente… que
diferença! Gosto bastante da Transalp mas para grandes viagens não há como
negar que a Super Ténéré está em um nível superior em tudo. A vantagem do guidão alto e largo em conjunto
com o banco que não é tão macio mas com uma grande área de apoio faz com que se
possa variar o posicionamento conforme os vários tipos de tocada, e isso ajuda
a não cansar. Na verdade o único real inconveniente da XT 1200Z é o consumo
elevado, que faz com que a autonomia seja muito pequena, um incoveniente sério
para uma moto dessa categoria e que tem um tanque de 23 litros. Em um trecho
bem apressado, a média foi de 12,6 km/l, na volta, cansado e rodando na chuva,
consegui a melhor média, 16,4 km/l.”
Continua - Parte 2 (será postada amanha)
Fonte: Revisa M.
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