quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Universidade desenvolve capacete com cortiça




A ideia de aproveitar a ‘pele’ do sobreiro para reforçar a segurança da cabeça de quem anda de moto pertence um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro (UA). A equipa de Ricardo Sousa, professor do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM), verificou que, teste após teste, em relação à esferovite usada em exclusivo por todos os fabricantes mundiais de capacete, a cortiça não só tem maior capacidade para absorver um impacto como mantém essa característica intacta no caso de o motociclista sofrer na cabeça múltiplas pancadas.

“Os revestimentos interiores dos capacetes, que servem para absorver a energia em caso de impacto, são hoje feitos quase exclusivamente em esferovite”, diz Ricardo Sousa. “Este material, tem a vantagem de ser barato e leve mas tem uma grande desvantagem: quando sofre um primeiro impacto, deforma-se permanentemente, perdendo capacidade de absorção de energia. Assim, num eventual segundo impacto, o motociclista fica à mercê da sorte.”

Já o revestimento da UA, aponta Ricardo Sousa, “não só absorve muito melhor o impacto do que a esferovite pura, como mantém a capacidade de absorver impactos mesmo quando ocorrem vários seguidos”. A prova disso, empiricamente falando, “vê-se numa rolha de champanhe que, apesar de poder estar anos e anos comprimida no gargalo de uma garrafa, recupera praticamente a forma inicial assim que a bebida é aberta”.



“Por causa das legislações, a camada interna de esferovite tem vindo a aumentar ao longo dos anos. O resultado disso são capacetes cada vez maiores o que, esteticamente, não é muito agradável” diz Ricardo Sousa, também ele motociclista. Assim, o problema de tamanho que não se coloca com o projeto da UA já que a cortiça absorve mais energia de impacto que uma mesma quantidade de esferovite.

“Neste momento, depois de vários testes com diferentes associações entre esferovite e cortiça, existe já uma solução estudada e patenteada”, aponta o investigador. “É um híbrido”, descreve o responsável: “Trata-se de excertos de micro aglomerado de cortiça inseridos numa matriz de esferovite com as distâncias e tamanhos dos dois materiais devidamente estudados”.



A solução da UA para o revestimento dos capacetes pode torná-los mais caros. Mas a equipa de Ricardo Sousa está a pensar o quão vantajosa a proteção extra pode ser para capacetes de alta performance “em que o preço não é importante”:  Motociclismo, competições automobilísticas, ciclismo e hipismo são alguns dos desportos onde o capacete da UA pode vir a ser utilizado. A cabeça dos militares pode igualmente beneficiar da investigação do DEM.

“A partir do momento em que este material ficou afinado está disponível para ser aplicado a qualquer tipo de proteção, seja para a cabeça, seja para outra parte de corpo”, afirma Ricardo Sousa.



Fonte: Motociclismo.pt

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