Depois de sabermos como decorreram os testes privados que a
Honda e Suzuki realizaram em Motegi, estávamos à espera para que terminassem os
dois dias de testes privados que a equipa principal da Yamaha realizou no
circuito de Brno.
No entanto, nenhum meio de comunicação foi convidado pela
marca a assistir aos testes onde marcaram presença os dois principais pilotos
da Yamaha, Jorge Lorenzo e Valentino Rossi, nem a equipa divulgou qualquer tipo
de informação oficial sobre o que realmente aconteceu ao longo dos dois dias em
Brno. Sendo assim, as informações que temos são apenas suposições, baseadas em
informações de quem esteve nas bancadas do circuito checo e outras que reunimos
de vários websites.
Embora a Yamaha tenha estado em pista durante dois dias, em
que usufruiu de excelentes condições climatéricas, para testar várias novidades
para a segunda metade da atual temporada de MotoGP, o maior e principal motivo
de interesse era, sem dúvida, a possibilidade das YZR-M1 de Lorenzo e Rossi
passarem a estar equipadas com a famosa caixa de velocidades “seamless”,
solução já utilizada pela Honda e pela Ducati.
Esta tecnologia está no topo da lista de desejos dos pilotos
Yamaha desde o início da temporada. Jorge Lorenzo e, principalmente, Valentino
Rossi – que já sabe o que é utilizar uma caixa deste tipo depois de dois anos
na Ducati -, há muito que pressionam os engenheiros da Yamaha para lhes
entregarem esta novidade mas, a marca tem estado muito renitente em usar esta
solução em corrida, mesmo já estando a desenvolver a tecnologia há largos
meses, incluindo em testes de resistência para garantir a sua fiabilidade.
Nestes testes finalmente os dois pilotos puderam,
supostamente, “saborear” o que é utilizar uma M1 com caixa “seamless”, e do que
se conseguiu apurar, tanto Lorenzo como Rossi saem de Brno muito satisfeitos
com esta novidade. Também Lin Jarvis, diretor do projeto de MotoGP da Yamaha,
embora não confirmando a utilização desta caixa, deixou anteriormente
indicações de que esta poderá ser uma novidade da marca para os próximos tempos
e, alegadamente, também ele ficou satisfeito pela nova tecnologia.
Quanto às melhorias efetivas no comportamento da moto,
apenas quando a Yamaha divulgar um comunicado oficial, provavelmente onde
incluirá alguma, muito pouca, informação técnica, conseguiremos saber alguma
coisa sobre este assunto, mas, felizmente, o responsável por um website checo
de fãs de Valentino Rossi, esteve presente no circuito e divulgou alguns vídeos
da Yamaha YZR-M1 em ação.
Para além de serem as únicas imagens disponíveis do teste,
estes vídeos permitiram ainda a alguns fãs de MotoGP mais especializados em
questões de som, analisar o ruído dos motores das motos de Lorenzo e Rossi e,
comparando com o som dos mesmos motores noutras ocasiões, chegaram a algumas
conclusões interessantes.
Através de amostras de áudio provenientes destes vídeos, e
de acordo com análise realizada pelo website Motomatters.com, que mediu o tempo
em que o motor se “cala” entre cada troca de relação de caixa, a Yamaha consegue
agora trocar de relação em apenas 0.016s. Noutras gravações anteriormente
realizadas pelo mesmo website, em que se sabia que a moto não tinha este
sistema, as mesmas medições mostraram que a troca de relação de caixa na M1
demorava uns “longos” 0.038s. É uma melhoria de mais de 0.02 segundos em cada
troca de caixa!
É assim possível realizar uma comparação inicial com o
sistema altamente evoluído que a Honda utiliza na RC213V: a moto utilizada por
Marc Marquez e Dani Pedrosa consegue trocar de caixa nuns assombrosos 0.009
segundos!
De acordo com o mesmo website, poderão existir diferenças
entre as medições de cada amostra áudio, por as mesmas não terem sido
realizadas através do mesmo aparelho gravador, mas, ainda assim, essas
diferenças serão marginais e praticamente negligenciáveis.
Se esta diferença entre os tempos da caixa “seamless” da
Yamaha e a solução utilizada pela Honda continua a dar vantagem à RC213V sobre
a YZR-M1, é no entanto a outro nível que melhor se poderá verificar a
importância deste sistema: a estabilidade da moto.
Ficou claro, e o próprio HRC admitiu isso quando revelou a
utilização desta tecnologia em 2011, que o principal ganho por utilizar esta
caixa não é o tempo que se ganha por volta de forma direta, mas sim, o tempo
que se ganha por volta devido à maior estabilidade que os pilotos usufruem
quando em aceleração à saída de curva.
Com este sistema um piloto pode acelerar forte à saída de
uma curva, ainda em inclinação, pode trocar de caixa para acompanhar a
aceleração, e não sente a moto a mexer, especialmente na traseira. Com isso
ganha confiança para acelerar mais forte e mais cedo do que adversários que não
tenham esta tecnologia e, ganha por isso uma vantagem adicional.
Isso mesmo é visível, particularmente nas imagens em “slow
motion”, da Honda RC213V. Já no caso da Yamaha YZR-M1 é habitual vermos uma
ligeira “sacudidela” da traseira em aceleração, altura em que os pilotos trocam
de caixa, mas que são obrigados a dosear um pouco o acelerador para não
sofrerem um dissabor.
Sendo certo que a utilização da caixa “seamless” é uma
mais-valia para as equipas, no caso da Yamaha convém ter ainda em conta se a
marca estará disposta a apostar na fiabilidade do sistema durante uma corrida,
sabendo-se que a limitação do número de motores deixa as equipas com a
necessidade de gerir ao “milímetro” a utilização dos motores de cada piloto.
Num dos vídeos deste teste, em que Rossi aparece já fora de
pista na escapatória, algumas informações de quem esteve no local apontam para
um forte ruído proveniente da caixa de velocidades da M1 do piloto italiano,
mesmo antes da saída de pista. Apesar do motor da moto não ter ido abaixo,
Rossi teve muitas dificuldades em voltar a engrenar uma mudança que lhe
permitisse continuar em pista e, apenas quando foi auxiliado por um técnico da
Yamaha a moto saiu da escapatória.
Aparentemente a Yamaha pode recusar a utilização em corrida
caso a fiabilidade seja mesmo um fator ainda incerto mas, rumores vindos dos
meios de comunicação italianos, apontam para que Jorge Lorenzo e Valentino
Rossi estão a pressionar a direção da equipa para começarem a utilizar a caixa “seamless”
já no próximo GP de Indianápolis.
A mais forte hipótese da entrada em ação desta caixa em
competição por parte da Yamaha aponta para os três GP fora da Europa: Malásia,
Austrália e Japão.
Valerá a pena a Yamaha arriscar comprometer a fiabilidade
dos motores disponíveis para cada um dos seus pilotos? Deixe o seu comentário
em baixo e veja os vídeos do teste privado da Yamaha em Brno.
Fonte: Motociclismo.pt
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