Não importa se é super, hiper ou ultra. Simplesmente, este é o jeito mais divertido de enfrentar os desafios urbanos e percursos sinuosos em duas rodas
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É em dias como este que sou obrigado a concordar comos
amigos e colegas que invejam meu trabalho e dizem brincando: “que maravilha
poder viver andando de motocicleta a trabalho!” Quem dera todos os dias fossem
brilhantes assim, com motos da envergadura de Ducati Hypermotard e MV Agusta
Rivale 800. Nem sempre o são, há jornadas menos ofuscantes, mas mesmo assim
ainda vale a pena.
O conceito inspirado nas supermotard é o mesmo nas duas:
corpo esguio e ágil como nas trail, usando suspensões altas e conjunto de
rodagem para asfalto. Mas entre Rivale e Hypermotard, as únicas semelhanças são
o chassi de treliça, o monobraço traseiro e a nacionalidade italiana. Desenho,
porte e principalmente temperamento são diferentes, cada uma a seu modo.
A Ducati Hypermotard voltou ao Brasil renovada, usando um
motor 821 refrigerado a líquido com 4 válvulas por cilindro no lugar do 796 a
ar de 2 válvulas – e trazendo farta assistência eletrônica de série. Ronca
grave e responde prontamente em baixas rotações. A MV é uma variação sobre a
base da Brutale 800 que faz estardalhaço com os 3 cilindros, gosta de altos regimes,
e grita como esportiva.
A Rivale gera 125 cv a 12.000 rpm, enquanto a Hyper produz
110 cv a 9.250 rpm. Na prática esta diferença se traduz em mais torque e
rendimento em baixas rotações na Ducati, ela entrega tudo mais rápido, mas o
fôlego também acaba antes: o torque máximo é de 9,07 kgf.m e chega a 7.750 rpm,
ao passo que a MV sacrifica o torque em busca de potência: atinge 8,6 kgf.m a
8.600 rpm.
Nas alturas...
A posição de dirigir da Hyper é mais parecida com a de uma
trail, usando guidão largo, você vai sentado lá na frente, quase no bocal do
tanque, em posição de ataque o tempo todo. É fácil se empolgar e brincar de
fazer largadas a cada semáforo. A Rivale tem posição parecida, mas os braços
vão menos flexionados. Os dois bancos não esbanjam espuma, nem foram feitos
para rodar por muitos quilômetros; são estreitos e foram criados para pilotos
inquietos, que vão se movimentar em manobras e curvas constantes.
O conjunto ciclístico destas duas motos oferece boa rigidez
e controle direcional, outro ponto alto de ambas, que mudam de direção com
leveza e instigam a acelerar. A Rivale oferece mais recursos para regulagem das
suspensões, ambas multiajustáveis, enquanto a Hyper se limita à pré-carga e
compressão na traseira. Com entreeixos 9 cm menor, é rápida para direcionar nas
entradas de curva, por outro lado a frente é inquieta. A Hyper exige um pouco
mais de força nas entradas de curva, que uma vez apontada contorna com
segurança e previsibilidade. Os pneus Pirelli Diablo Rosso garantem aderência e
ótima inclinação das italianas.
Grande virtude destas duas máquinas são os freios. Não é
preciso força para sentir o poder das pinças radiais de quatro pistões da
também italiana Brembo, e suavidade é necessária no acionamento. Ambas contam
ainda com um belo pacote de eletrônica embarcada que inclui modos de pilotagem
e controle de tração.
Definitivamente são duas motos excelentes, empolgantes e que
fogem do lugar comum. Só não se engane achando que vai passear, porque são
ariscas e buscam condutores inquietos.
Com algumas diferenças em itens de série e componentes, a
Hypermotard custa consideravelmente menos que a Rivale e sai por R$ 44.900,
contra os R$ 56.900 da MV Agusta.
Texto: Ismael Baubeta
Fotos: Mario Villaescusa
Edição: Dirceu Santana
Fonte: Revista Motociclismo
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